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Este edifício já é o cartão de visita de Viana do Castelo, pelo bem ou pelo mal.
As posições divergem. Há quem queira vê-lo demolido, mas há quem nem sequer queira ouvir falar dessa hipótese. O prédio de 13 andares está situado no centro histórico da cidade e foi construído na segunda metade dos anos 70.
Quando José Sócrates era Ministro do Ambiente do governo de António Guterres considerou o Coutinho um "cancro e um aborto arquitectónico", sendo por isso urgente demoli-lo. Mas Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, nos seus governos, recusaram o derrube por razões financeiras ( a sua implosão seria muito dispendiosa, além de não ter financiamentos comunitários).
Com José Sócrates de volta, agora como primeiro-ministro, a polémica também voltou. O caso está em Tribunal. Os cerca de 300 moradores não querem a demolição, nem acordo nenhum que a implique, têm-se protegido através de providências cautelares e o impasse está criado.
Mas não são apenas os moradores do edifício que o defendem. Críticos também questionam se o Estado deve gastar dinheiro por causa de um choque estético, demolindo uma propriedade privada. Caso o Estado consiga ir avante coloca-se outra questão, também ela financeira: os moradores desalojados terão que ser realojados e, dado que são pessoas de classe média alta e alta, esse realojamento não será para casas de projectos sociais, mas ao nível que eles exigem.
Manter o Coutinho como está representa dor de cabeça às vistas mais sensíveis, demoli-lo dá dor de cabeça a essas mesmas vistas.
Esta pode ser uma aberração que sendo tão fácil eliminar talvez seja preferível manter.
É assim que é conhecido, mas na verdade é um monumento em homenagem ao 25 de Abril.
Nele estão representados um tanque rectangular, um cravo e um totem enorme do qual jorra água. Em relação ao tanque e ao cravo creio que não há quem se oponha, afinal foram essas as armas usadas pelos revolucionários de Abril.
Talvez deva questionar-se o totem. Um objecto que nada tem que ver com a cultura portuguesa, mas que João Cutileiro entendeu que devia estar associado a um dos momentos mais importantes da História do País.
No Parque Eduardo VII desde 1997, o "pirilau" intriga muita gente e fere os olhos a boa parte dos que por ali passam. Uns acanham-se e não são capazes de definir a obra, outros não têm meias medidas, falam mesmo o que a imagem lhes sugere por isso o Monumento ao 25 de Abril há muito perdeu essa designação. Para António Cunha Vaz, por exemplo, é "um desastre de todos os pontos de vista".
Sobre o Totem...
20 de Julho de 1936. Um pequeno avião prepara a descolagem do aeródromo de Cascais. O piloto, sabendo que a potência do aparelho é escassa para o peso da carga, acelera o motor ao máximo antes de se lançar à pista. A aeronave ganha altitude mas não a bastante para ultrapassar as copas das árvores que marcam o final da estreita faixa de terra batida: a hélice embate nas ramadas mais elevadas, desgovernando o avião. O piloto, Juan Antonio Ansaldo, tenta uma aterragem de emergência num campo lavrado, junto à aldeia da Areia, mas acaba por embater num muro em pedra. A aeronave incendeia-se. O seu passageiro jaz morto, com o pescoço desfeito.
Tratava-se do General Sanjurjo, figura-chave da sublevação que começara dois dias antes e viria a entronizar, por entre um mar de sangue, Francisco Franco como caudillo de Espanha.
O Marquês do Rif estava exilado no Estoril, castigado pela sua participação no fracassado golpe de Sevilha, em 32. Reconhecido como chefe natural por todos os militares descontentes com a vitória eleitoral da esquerda em 36, Sanjurjo fazia a ponte e limava arestas entre a facção carlista e os falangistas. O voo fatal tinha por destino Burgos, onde o general seria recebido pelas legiões de Franco como líder da revolta. Segundo o relato do piloto, que sobreviveu, o peso excessivo que terá condenado a aeronave deveu-se à mala carregada de uniformes de gala que Sanjurjo tinha por indispensável ao seu desembarque em glória.
Este é um dos edifícios votados para as sete aberrações de Portugal.
A história não deixa de ser curiosa e a escolha parece ter legitimidade, afinal salta à vista o choque entre o prédio em questão e a paisagem à volta.
A torre de Santo António data de meados dos anos 70 e tem cerca de 20 andares. Faz parte de um projecto de habitação do arquitecto Pinto de Sousa, pai do actual primeiro-ministro, José Sócrates. O projecto previa a construção de mais dois prédios do mesmo estilo, com áreas comerciais e estacionamento. A obra não avançou devido a falências e desde então tem-se falado tanto em demolição como em recuperação.
O interessante neste prédio é que do 7º ao 12º andar os apartamentos estão praticamente acabados, com loiças e janelas nas casas-de-banho, alumínios, vidros duplos, equipamento de videovigilância, elevador com motor (que chegou a funcionar) e chão pavimentado. No último andar estava previsto um restaurante panorâmico com vista para a Cova da Beira.
O projecto de Pinto de Sousa visava incluir mais dois prédios de sete andares que em conjunto com o único construído fariam a forma de um T invertido. Por enquanto a Torre de Sto António mantém-se solitária e inacabada, condição de há 30 anos.