Sexta-feira, 24 de Agosto de 2007
Leonel Moura
Artista Plástico
Segundo Leonel Moura, "em Portugal há tanta coisa feia que é difícil
destacar casos particulares. O reconhecido caos
urbanístico não é só culpa da construção
clandestina, da especulação imobiliária e das
ligações perigosas entre promotores e autarquias.
Muita da construção feita por arquitectos
encartados e promovida por empresas cotadas não é
menos horrorosa. Neste panorama destacaria cinco
exemplos genéricos e dois concretos".
1. As pontes, na gíria chamadas ironicamente de
obras de arte, nas nossas estradas e
auto-estradas. Nunca se viu tanto matacão tão
bruto e sem o mínimo de sentido estético. Feitas
por engenheiros que pensam mais no cálculo do
betão do que na elegância do género ferem a vista
e a cultura a qualquer pessoa que viaje por Portugal.
2. As rotundas “embelezadas” pela chamada arte
pública. São um perigo para a condução e um
atentado à arte. Promovidas por autarcas sem
cultura estética são realizadas por artistas sem
o mínimo de noção do que é o espaço público. Para
que conste, pois correm alguns boatos sobre o
tema, até hoje só fiz uma única rotunda. Foi em
Cascais e era toda vegetal, relva, arbustos e
pequenas árvores. Era porque foi destruída pelo
actual presidente da Câmara e substituída por uma
nova toda em betão e ferro onde não cresce sequer
uma urtiga. O projecto esteve a cargo de duas arquitectas paisagistas…
3. As esquadras da PSP e da GNR. Cada uma mais
feia e decadente do que a outra são o sinal do
miserabilismo e da falta de cultura da nossa segurança pública.
4. Em Lisboa toda a zona portuária assim como a
linha de comboio de Cascais que cortam o acesso
ao rio. Não se percebe como uma cidade pode
desaproveitar uma situação urbana tão rara por esse mundo fora.
5. As sedes da Caixa Geral de Depósitos por esse
país fora. Muitas delas a armar ao moderno devem
ter sido projectadas em gabinetes em Lisboa sem
uma única ida ao local. São feias e destoam como
uma nódoa de vinho em toalha de linho branco. E
já agora a sede de Lisboa também não é melhor.
6. O Padrão dos Descobrimentos em Belém.
Monumento claramente fascista passa hoje por ter
alguma coisa a ver com a nossa identidade. Não
vejo como. Ao que me contaram José Augusto França
recolheu assinaturas para a sua demolição logo a
seguir ao 25 de Abril. Infelizmente não houve tempo nem coragem.
7. E por fim, embora não goste de dizer mal de um
colega, o conhecido “pirilau” do Cutileiro no
cimo do Parque Eduardo Sétimo é mesmo aberrante.
De Anónimo a 27 de Fevereiro de 2008 às 20:32
essa do padrao dos descobrimentos ser fascista levarnos-ia a uma discução sobre a igreja de campo de ourique, todos os predio estado novo com frontoes em cima das portas etc ou seja. de acordo com este artista plastico a ideia seria apagar toda uma época. profundo disparate
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